sexta-feira, 6 de julho de 2012

“Nada mais me faz desistir dessa luta”.





A violência sexual contra crianças e adolescentes e o tráfico de mulheres são crescentes nos Estados do Pará e Amapá, e para denunciar os casos e cobrar punição aos envolvidos nesses crimes, a Comissão de Justiça e Paz (CJP) do Regional Norte 2 da CNBB tem realizado um grande esforço.


Irmã Henriqueta Cavalcante, coordenadora da CJP do Regional norte 2, tem realizado um trabalho incansável de denúncia desses crimes. Ela é uma das religiosas que participa do 10º Encontro da Igreja da Amazônia em Santarém, e que entendeu perfeitamente o eixo central do documento que é encarnar na realidade da Amazônia.
A religiosa acredita que hoje só é possível encarnar na realidade quem realmente assume o projeto de Deus, que é defender a vida das pessoas.

“Esse tem sido o nosso esforço dentro da Comissão de Justiça e Paz. E eu, como mulher consagrada, vivo integramente, 24 por dia em prol da defesa da vida, principalmente  daqueles e daquelas, que nos procuram e clamam por justiça, já que nós também vivemos num Estado marcado pela cultura da impunidade, onde a justiça só acontece para uma minoria”, finalizou.

Na visão de Irmã Henriqueta, os casos de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes estão mais em evidência nos últimos tempos, porque aumentou a capacidade das pessoas romperem o silêncio. E para fortalecer ainda mais a capacidade dos amazônidas, a Comissão de Justiça e Paz tem investido na prevenção, orientando às famílias, às crianças da catequese, os professores das escolas públicas, para que debatam e mostrem os canais de denúncia.
Por conta de seu trabalho, irmã Henriqueta Cavalcante está ameaçada. Mas quem pensa que esse foi um motivo para sua desistência, se engana. Ela afirma que tem muita clareza da opção que fez.

Em tom de Coragem e firmeza, a religiosa afirma: “Eu fiz uma opção pela vida religiosa, eu fiz opção de colocar a minha vida toda à serviço do reino de Deus, e hoje nada mais me faz desistir dessa luta, nada mais. Outra coisa que eu digo: se for pra morrer eu vou morrer muito tranquila porque eu tenho certeza que eu vou morrer falando, eu  nunca vou morrer de boca calada, nunca. Diante de quem quer que seja violador de direitos humanos, eu não vou me calar. Eu vou continuar denunciando e exigindo justiça, seja pra quem for”, enfatiza.

Irmã Henriqueta ressalta que esses crimes, para serem de fato combatidos é preciso que sejam eliminadas as causas, que estão nas desigualdades sociais, na inexistência de politicas públicas e de promoção da vida e da dignidade, e o Estado e a sociedade civil têm papel fundamental na promoção dos direitos humanos.

Joelma Viana e Ercio Santos 

Nenhum comentário:

Postar um comentário