terça-feira, 3 de julho de 2012

CELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA MARCA O INICIO DO ENCONTRO DOS BISPOS EM SANTARÉM




Uma celebração eucarística, na Igreja Catedral de Nossa Senhora da Conceição, em Santarém, nesta segunda-feira, 02 de julho, marcou a abertura do 10º Encontro dos Bispos da Amazônia. A celebração foi presidida pelo arcebispo de Belém, Dom Alberto Corrêa Taveira, e co-celebrada pelos demais bispos dos Regionais Norte 1, Norte 2 e Noroeste da CNBB.

Padre Luis Pinto, administrador da Diocese de Santarém, acolheu os participantes fazendo memória do quarto encontro, ocorrido em 24 de maio de 1972. Naquela época, os bispos da Amazônia foram recepcionados por Dom Tiago Ryan, então bispo da prelazia de Santarém, que neste ano, se vivo estivesse, completaria 100 anos de vida.


Segundo declarou padre Luis, “a historia das linhas prioritárias para a pastoral da Amazônia teve seu inicio por ocasião da reunião realizada no Rio de Janeiro, em 1971, quando os bispos dos regionais Norte I e II reuniram-se para pensar uma ação pastoral conjunta para a Amazônia. Era época da ditadura militar, época difícil e sofrida, quando o trabalho de evangelização exigia sensibilidade para bem discernir os sinais dos tempos diante das novas frentes abertas pelas iniciativas dos assim chamados grandes projetos (Jari, Carajás, Trombetas, Transamazônica, Hidrelétricas do Curuá-Una, Balbina, Tucuruí, entre outros). Se por um lado a época era difícil e sofrida, por outro fora iluminada e abençoada pelos ventos do Espirito Santo.

Segundo ele, a atitude profética assumida pela igreja na Amazônia nesse período, definindo como diretrizes básicas de sua ação pastoral a Encarnação na Realidade e a Evangelização Libertadora, levou à perseguição e ao sangue de muitos agentes de pastoral, por causa do compromisso sempre mais contundente e claro na defesa dos direitos humanos e do meio ambiente. Em virtude dessa decisão e dos caminhos trilhados pela igreja encarnada ao longo das últimas décadas é que alguns dos participantes do 10º Encontro dos Bispos da Amazônia estão ameaçados de morte e necessitam de proteção policial.


Entre os bispos citados pelo padre Luis Pinto está Dom Ervin Klauter, bispo da prelazia do Xingu. Após a celebração, durante entrevista, Dom Ervin destacou que Santarém, em 1972, foi um marco na história de toda a Amazônia e, logicamente, para o Xingu.

“Eu me lembro perfeitamente. Estava lá em Altamira desde 1965, lembro qual foi a mudança daquele tempo, e, através de uma posição tomada pelos bispos, nós caminhamos e agora 40 anos depois estamos diante de novos desafios, talvez mais fortes ainda. Eu espero que esse encontro aqui mostre alguma luz e pelo menos mostre a unidade dos bispos diante dessa devastação, desse estrago, que a Amazônia esta sofrendo”, destacou Dom Erwin.

Para Dom Roque Paloschi, bispo da Diocese de Roraima, o encontro é importante para manter a Igreja sempre alerta para o que está acontecendo nessa realidade amazônica.

“Quarenta anos atrás nós tínhamos um cenário e essa situação agravou-se ainda mais, ou seja, houve o progresso, o avanço, mas há também o sofrimento muito grande dos povos dessa terra, sejam os ribeirinhos, sejam os povos indígenas, sejam os povos tradicionais e, sobretudo, as periferias das cidades que estão crescendo muito. Nossos jovens que estão sem “eira nem beira”, clamando por vida, por perspectiva de trabalho e realização de seus sonhos. Então a importância do encontro é que faz com que a igreja não se acomode, não se acovarde, mas saiba profeticamente conclamar a esperança necessária nos dias de hoje”, afirmou Dom Roque.

Dom Esmeraldo, arcebispo de Porto Velho, e um dos coordenadores do encontro, deixou como mensagem inicial, a leitura dos Atos dos Apóstolos, quando Pedro vai visitar a família de Cornélio.

“Pedro não queria ir, não entendia porque estava sendo chamado, mas depois a visita ajuda o Pedro a compreender, que a graça de Deus esta presente no coração das pessoas, e o missionário é chamado a reconhecer essa graça, essa presença de Deus. Aquela visita de Pedro, com algumas pessoas da comunidade de Jope, à família de Cornélio, que era pagã, ajudou a mudar o trabalho de evangelização. Eu creio que isso a Amazônia esta precisando. Precisa de uma igreja que não fique acomodada, fechada em si, mas que possa ir ao encontro das pessoas, trabalhar nas periferias, ir ao interior, olhar os povos indígenas, os ribeirinhos,  os quilombolas, ir de porta em porta, ir às casas. Eu creio que isso é muito importante. Eu creio que essa é a grande mensagem e é isso que esperamos nesse encontro, para que a igreja seja profética e missionária”, destacou.


Após a celebração, foi realizada a cerimônia de abertura do encontro, na qual foi destacado que a intenção dos bispos é celebrar os 40 anos do documento de Santarém; promover momentos de partilha das alegrias, dos sofrimentos e das esperanças, e aprofundar alguns desafios que mais atingem a sociedade amazônida.

Em suas primeiras palavras, o presidente da Comissão Episcopal para Amazônia, Cardeal Dom Cláudio Hummes, manifestou apoio da Comissão aos seus irmãos do episcopado da Amazônia e ressaltou que a palavra chave neste encontro é “confiar na ação do Espírito Santo que as luzes virão”. E concluiu: “Estou aqui mais para ouvir, aprender e admirar o trabalho da Igreja nesta imensa região”.



O Décimo encontro prossegue nesta terça, dia 03 de julho, com celebração Eucarística, análise de conjuntura da região e início dos trabalhos.



Joelma Viana e Ercio Santos

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